sábado, 5 de agosto de 2006

filo-tempus

Professam-se religiões, declaram-se guerras santas, suportam-se ídolos que sobem nas pirâmides do poder até que, “lá em cima”, interrompem as profecias e desmontam a pirâmide. Para quê? Porque para voltar a elevar-se, não há tempo para pensar no futuro, é necessário o trabalho árduo, ruidoso, na maior parte das vezes aparentemente inconsequente.Estes antípodas morais beliscam-se compulsivamente por um meio – a comunicação.
O romance persiste em entender o homem em dois hemisférios que cruzam informações tais que nos permitem conhecer o irracional, o sentimento.Este basilar enlace entre pensar e sentir é tão diabólico que desenvolve as mais múltiplas confusões de raciocínio; Confundem-se a cada imagem que violenta a retina, a cada frequência que o ouvido recepciona, a cada fragrância que é inspirada.
É a comunicação a douta advogada da confusão de pensar e sentir.Falar é criar a pior confusão. É permitir que todas as nossas confusões se confundam dramaticamente na confusão do interlocutor.
Perpetuar esta confusão é sacramentalizar o limite do pensar. Não basta confundir para comunicar, é necessário digerir o que se sente e se pensa para que se combata outra senhora confusão - o medo. O medo é um sentimento nobre e pedagógico, é o fundamento da ética. Sem dúvida que é o sentimento da dignidade que, cultivado, tem o maior desafio - a competição do medo pelo medo.

outubro 06, 2004

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