terça-feira, 11 de agosto de 2009

tempus de carta

Escrevi-te os anteriores versos de noite. A noite dá-me paixão e sossego. Ainda não te consegui descobrir de dia que não nos Açores! Lá, escrevi-te com a calma a que obrigas; Ouvíamos o som da terra quente; as telas cinzentas dos céus contrastavam com a fogosidade do sol! Descobriam-se volumes mágicos nas nuvens e focavam as verdadeiras cores e brilhos - Quase que emanavam da síntese do “Belo”! És tu poesia que te deixas embriagar com a natureza. Misturas-te magicamente com o mundo, com as gentes. Já te tornaste amiga minha. Foste mesmo a muda forma de te fazer comunicar sem te apartares da lógica cibernética. Tens uma química distinta da febre da moda. Conheces de perto a solidão e a mágoa, a paixão, a raiva, o ódio, a censura, a desgraça, intempéries mas… a parede da tua amizade não existe. Essa história de boa e má poesia faz lembrar-me o comum machismo quando comenta: - “ Aquela gaja é boa!” E, na verdade, como as mulheres, belas e diferentes, vão casando-se, vão cansando-se, vão emancipando-se… salvo tua melhor opinião, deves começar a ter cuidado hoje em dia! Penso que será mesmo uma questão de segurança! Estamos culturalmente “MODAdos” com os conceitos, com a meticulosidade, com a aglutinadora máquina das regras! E tu? Tens regras? Minha anarca ! Crias as tuas regras ocasionais, oportunas, flexíveis, espirituais…Tu até és cantada! És pintada! És mesmo perceptível e colhida das árvores, pincelada nas telas e nos sons reproduzida. És normalmente convidada a participar na angústia mas, a esta, pronuncias-lhe o sonho. Purificas a ciência do homem no reconhecimento da fragilidade dos seres do planeta, do mosquito à aranha, da Zebra ao elefante, à girafa, ou mesmo ao escaravelho que prepara a sua bola de estrume de que se alimenta. Outra virtude que te reconheço é sem dúvida a certeza vaga da morte. Teimas em eternizar-te nos papiros, papéis A4, blocos de notas, princípios de sonhos, derrotas de vida… e mesmo em “acções de graças…”Crias paciência ao celebrares o teu próprio altar na história dos sonhos de muitos que viveram décadas de conversas contigo. Gosto de ti - Porra! Diria o meu amigo alentejano;Na nossa relação, nestes passados anos, fiquei com a nítida sensação de que, ou tens uma má formação no teu carácter ou, e prefiro crer neste pressuposto, de simplesmente seres a porta-voz das almas mudas…Gostei de conversar contigo nestas linhas!Saúde para ti e para os teus.
Um sincero abraço

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